Time Out Lisboa – 6/2008
Insufláveis para gente grande
Visto assim de fora é um daqueles insufláveis coloridos onde dezenas de crianças se divertem mergulhadas nos chulés inofensivos da infância. No entanto, olhando com mais atenção, percebemos que quem lá anda a pular não são crianças, são adultos, e a brincadeira, afinal, até é bastante séria. Jogam bossaball, um novo desporto em expansão e que em Portugal já vai dando os primeiros passos. Ou saltos.
O recinto é insuflável, está dividido por uma rede (como no ténis ou no voleibol) e tem uma cama elástica em cada lado do campo. É uma estrutura que se monta em cerca de 45 minutos e que saiu da cabeça do belga Filip, de 37 anos. “A ideia surgiu durante a noite”, começa por dizer, orgulhoso da invenção.
Em Portugal, o bossaball está mesmo no início. Aliás, ainda não há clubes com esta modalidade e por isso, para já, só o pode encontrar em eventos desportivos pontuais. É o caso do Verão Caixa Fã, um evento itinerante que se estende até ao mês de Julho e que acabou de passar por Lisboa, pela praça das Docas. Mas não perca a esperança, porque ainda pode apanhá-lo aqui perto, na Ericeira, e depois disso pode sempre viajar para Matosinhos, Portimão e uma mão cheia de localidades. Em todos eles, lá estará o campo de bossaball, pronto a dar formação a quem quiser aprender. E lá deverá continuar porque segundo Júlio Silva, um dos organizadores do Verão Caixa Fã, “o bossaball faz parte deste evento pelo segundo ano consecutivo e cativa sempre muita gente e muita curiosidade por não ser conhecido”. Mas afinal o que é exactamente? É o desporto ideal para quem gosta de jogar futebol, voleibol de praia, dar cambalhotas e fazer mortais. Confuso? Pois é mesmo assim: em cima do campo insuflável, os jogadores têm de atirar a bola por cima da rede até ao campo adversário. “Para isso, dão toques de futebol, de voleibol, podem fazer mortais, o pino, o que quiserem”, explica Filip. Por outras palavras, é óptimo para quem está indeciso entre seguir os passos de Cristiano Ronaldo ou do Cirque du Soleil.
Cada equipa, composta por quatro jogadores – um deles aos saltos na cama elástica – atira a bola para o outro lado da rede. Quando esta cai no chão, perdem-se pontos. É evidente que o facto de haver uma cama elástica e de ninguém ter medo de cair ao chão faz com que se assistam a jogadas espectaculares, com os elementos em campo sempre em altos voos.
Um dos “malabaristas” de serviço é o brasileiro Milton, de 26 anos, que se apaixonou pelo bossaball logo que percebeu que até capoeira podia fazer em jogo. “Voamos e fazemos acrobacias. É preciso alguma técnica para nãos nos magoarmos”, diz. O seu colega de equipa, Gustavo, de 21 anos, não esconde a ansiedade de estar prestes a descalçar-se para subir ao insuflável. “A sensação de estar sempre a saltar é maravilhosa, mas também puxada a nível físico. Desde que comecei a fazer bossaball já perdi dez quilos”.
E acredita-se. Enquanto os jogos decorrem, a bola vai saltando pela rede e os jogadores voam em acrobacias para salvar bolas perdidas. Cá fora, entre os comuns mortais que não voam, há sempre quem tire os sapatos e se prepare para copiar os jogadores. Verão Caixa Fã, 13 a 15 de Junho, Praia Foz do Lizandro, Ericeira, das 10.00 às 18.00 info@bossaball.com
Source: Timeout.pt
(Time Out é uma publicação em formato de revista criado pela Time Out (Company). A edição lisboeta da revista é publicada semanalmente e tem um custo de dois euros, tendo todas as semanas um tema de capa dedicado à capital portuguesa e a alguns dos seus concelhos limítrofes.)